A razão que nos separa (parte IV)

Do Jesus and Mo (via Esquerda Republicana)
Arquivado em:Posts duvidosos
Continuar a ler...

A escolha do candidato presidencial do PS francês é por isso de grande importância para toda a esquerda europeia, se quiserem retomar o processo de construção europeia. Acima de tudo o candidato do PS tem que ser capaz de derrotar o mais que provável candidato da direita, Nicolas Sarkozy (que por estes dias se entretém a anunciar na televisão que vai expulsar de imediato 23mil imigrantes com filhos escolarizados). A candidata que aparece à frente de todas as sondagens, do lado dos socialistas, é Ségolène Royal. Confesso que depois do Chile, da Libéria e da Alemanha (talvez um mau exemplo) muito me agradaria ver uma mulher presidente de França, ou dos EUA (Hilary?), mas ser mulher por si só não chega. NA minha opinião Ségolène tem a seu favor, para além da imagem de tranquilidade e competência, vários pontos. Primeiro, contrariamente ao que dizem os detractores tem ideias, e algumas até polémicas, como por exemplo ter na sala de aula para além do professor um outro educador responsável pela disciplina. Segundo não segue a agenda mediática, e não anda atrás da actualidade, apresenta as suas propostas quando acha conveniente, marca ela própria a sua agenda política. Usa meios originais em política para apresentar as suas propostas, nomeadamente a internet, o que teve bastante impacto e mostra uma política com ideias novas.







Outro aspecto sempre presente nas conversas, nas estórias, são os ciclones. A relação que têm com os ciclones é de uma estranha intimidade, conhecem-os pelo nome, mostram por vezes alguma nostalgia - "ah, o Hugo, foi dos grandes...". Os anos contam-se pelos ciclones, e não o contrário. Guardam um perspectiva prosaica sobre o assunto, a atitude é a de quem sabe que todos os anos há ciclones, mas os ciclones não passam todos por todas as ilhas, a questão é de saber quem é a vítima da próxima vez. Mas o mais fascinante (para mim) é o conceito do olho do ciclone, e é a fonte das estórias mais impressionantes. No centro do ciclone não há vento, é o tal olho, e curiosamente a cultura popular integrou isto muito antes de terem ouvido falar de meteorologia. Quando o ciclone passa a velocidade do vento aumenta gradualmente, quando se chega ao olho tudo para de um momento para o outro, a pausa pode demorar uma hora ou mais, e quando recomeça é imediato (aliás a principal causa de acidentes ao que parece, pessoas que aproveitam a pausa para sair, reparar as casas, etc...), depois vai diminuindo gradualmente. Mas o modo como falam dessa pausa em que tudo está suspenso, uma hora ou mais à espera daquela explosão instantânea em que numa fracção de segundo se passa da acalmia à mais violenta das tempestades, essa ideia, mais do que assustadora é fascinante.
Há uma conjectura de Poincaré que quanto a mim continua por explicar: Por que razão na vila mais simpática da Guadeloupe fora de Pointe-à-Pitre, Le Moule, havia uma pequenina rua perpendicular à avenida principal com o nome do Poincaré? Lá está, a rua é perpendicular, tudo bem, é o referencial ortogonal, mas não vi nenhuma esfera homomorfa. Onde está ela? Que é como quem diz o que é que o Poincaré tem a ver com o Moule? Ou será que na paz das Caraíbas os Guadeloupeanos apreciam os grandes cientistas, os que sabem fazer as grandes perguntas para as quais não têm resposta? Talvez seja isso, ou talvez eu esteja para aqui a divagar sem sentido, o que se deverá seguramente ao facto de ainda não ter bebido um só ti' punch hoje. E por falar nisso, vou ficar por aqui, que me surgiu aqui de repente um afazer urgente e inadiável.
Com tanta escolha, os usos também que se dão à fruta são também variados, comer apenas uma peça de fruta ao fim da refeição não dá vazão à coisa. Embora se possa comer quase qualquer fruta à refeição, há-as que se tornam mais especializadas noutras "funções". Sem surpresas (digo eu) o abacate pode comer-se como entrada, com um vinagretezinho ou com um pouco de piment - ui, explosivo! Já a banana verde, ou até madura, passada pela frigideira, pode servir de acompanhamento à carne ou, sobretudo, ao peixe. A fruta-pão cozida em água, a laia de batata, faz muito bem disso mesmo, batata, mais doce, mas não excessivamente, sendo aliás mais saborosa (pelo menos para o paladar de quem come batatas há mais de trinta anos). O inhame é outra alternativa, se bem que - hélas - não seja um fruto, é uma raiz. A carambola, serve para tudo e mais alguma coisa, pessoalmente prefiro o sumo, mas pode ser vinho, vinagre, seca com açúcar, ou simplesmente natural. Mas o cúmulo da eficiência, ou aliás da rentabilidade, é a Goiaba feita em sumo. É que com três Goiabas apenas se faz um litro de sumo. Leva-se aquilo tudo cortado em pedaços, casca e caroços incluídos, ao copo misturador, o dá num puré bem consistente, passa-se o puré para tirar os caroços, e há ainda bastante margem para juntar gelo e água até ter um sumo que se possa beber, não sem juntar um pouco de açúcar - de cana, como convém - et voilà!


O sorvete também é feito através de uma técnica assaz curiosa. Primeiro faz-se o monte de gelo pilado, a partir de um bloco de gelo in loco, com a ajuda de dois copos de plástico acondiciona-se o gelo pilado bem compactadinho, e por fim verte-se um charope, assim tipo groselha por cima (há vários sabores). Eu pessoalmente prefiro o gelado, mas o sorvete, há que reconhecê-lo é bastante refrescante. Aliás a água que vai derretendo vai naturalmente para dentro do copo, por consequência no fim têm-se um resto de refresco.
Para quem for um dia à Guadeloupe, aconselho vivamente. É assim um sítio onde se pode tomar banho de rio, numa "cachoeira", dar uns mergulhos. A queda de água tem aí uns 12 a 15 metros de altura. Há uma caminhada de uma meia-hora para lá chegar, e um bocadinho mais para regressar. Aliás o regresso, sobretudo depois de uns dias de chuva, e com o trilho meio apagado, pode ser algo complicado. Mas o mais que pode acontecer é ter que atalhar pelo meio do matagal, vale acima, ficar cheio de lama e ir dar à estrada um quilómetro mais à frente, nada de particularmente grave. É um pequeno preço a pagar pelo banhinho num local paradisíaco.