quinta-feira, setembro 28, 2006

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A razão que nos separa (parte II)

Voltando a este meu post, e depois de ler este e este posts do JSA na Estação Central, mais este e sobretudo este posts do Santiago no Conta Natura (e já agora, porque não referi-lo?, este post beato no Insurgente, via Avesso do Avesso) parece que o debate evoluiu para um tema porventura mais interessante, o do conflito e a compatibilidade entre Ciência e Religião. Parece que a opinião do JSA e do Santiago é a de que Ciência e a Religião tratam de coisas diferentes, que não se tocam, logo são compatíveis e não há conflito. A Ciência tenta explicar como funciona o Universo, e trata do que é material, e a Religião tenta explicar o Porquê, e trata do que é metafísico. Concordo com a separação entre o "Como?" e o "Porquê?", concordo com a separação entre material e metafísico, logo a compatibilidade entre Ciência e Religião parece-me que nem se questiona, já o conflito me parece inevitável. Ou melhor, conflitos, pontuais ou cíclicos acontecerão sempre, por uma simples razão, o que hoje é metafísico amanhã pode não ser. Para ser rigoroso na linguagem, o que hoje parece metafísico pode amanhã demonstrar-se não ser. E é neste terreno que ocorreram conflitos entre Ciência e Religião no passado, voltarão a acontecer no futuro inevitavelmente. A Religião tem o seu terreno definido no que é metafísico, mas o que é metafísico é aquilo que é desconhecido para a Ciência, quando a Ciência avança e encontra explicações para o que era antes do domínio do metafísico vai estar a entrar num terreno que a Religião considera o seu, e aí ocorre o conflito. Em tempos a origem do Universo era uma questão metafísica, hoje temos o Big-Bang, a origem da Vida e da diversidade das formas vivas era uma questão metafísica, hoje temos a teoria da Evolução, o Geocentrismo era um desígnio divino, logo metafísico, até aparecer o sistema Copernicano. É aqui que o conflito surge, que o digam Galileu e Darwin. Porque a Ciência avança e entra em campos desconhecidos, supostamente metafísicos, ocorrerão sempre conflitos com a Religião. Mas porque continuará sempre a existir um domínio do metafísico, a Religião terá sempre um terreno só seu.

Arquivado em:Ciência

2 Comments:

Anonymous Anónimo Escreveu...

"É aqui que o conflito surge, que o digam Galileu e Darwin. Porque a Ciência avança e entra em campos desconhecidos, supostamente metafísicos, ocorrerão sempre conflitos com a Religião. Mas porque continuará sempre a existir um domínio do metafísico, a Religião terá sempre um terreno só seu."

Ah! Genial... com a resalva de achar que a palavra "conflito" não é a mais feliz (por causa das conotações que transporta) estou inteiramente de acordo... "debate" seria talvez menos confrontacional...

Até é assim que eu leio o "famoso" (infamoso, por acaso...) discurso de Regensburg. O Papa quis deixar claro que há um terreno que "é só dele" que a "Ciência" não devia querer invadir... na minha modesta opinião, a "Ciência" nunca quis ir "por aí"...

Os que perceberam o Papa (e o Douglas Adams, e o Camus também) estão todos de acordo, afinal!

É pena haver outros... acho que o problema é deles e não "nosso"...

(Santiago)

12:55 da manhã, setembro 29, 2006  
Blogger Zèd Escreveu...

Em relação à palavra "conflito" usei-a a pensar precisamente em posições como a do actual papa, que já me cheira a confrontação velada, para além do processo de Galileu e das estórias do Criacionismo, em que a Religião na defesa do seu território parte para a confrontação.

Eu faço a mesma leitura do discurso de Regensburg, no que toca à Ciência, e de facto temas "verdadeiramente" metafísicos não interessam nada à Ciência.

Quanto aos outros, enfim, quoi leur dire?

9:09 da manhã, setembro 29, 2006  

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