terça-feira, fevereiro 28, 2006

Sou eu que estou a imaginar coisas?

Ou o quadro pendurado na parede do Hotel em Ndola, uma fotografia de um jarro de rosas, tinha um mapa de África desenhado subliminarmente?


As crónicas do "Muzungo goes to Africa" ficam por aqui (o blogue segue dentro de momentos).

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Agora tenho uma imagem mais concreta da realidade em África



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Notas Finais

Os Bairros Pobres
Também tive ocasião de visitar os bairros pobres de Lubumbashi, várias vezes. A Ruachi, a Kenya, e outro que nunca consegui pronunciar devidamente o nome, muito menos escrever e que se me esqueceu, mas esse, se me perguntarem, parecia mesmo era algumas zonas ali da Brandoa. Deu até para passar a tarde com o P. e o irmão e a irmã, numa casa, pelo que eu vi das maiores da Ruachi. Dizer que fomos bem recebidos é dizer pouco, e a cerveja fluiu com abundância enquanto a Nigéria jogava com a Tunísia. Desses bairros fica-me a imagem de casas minúsculas, todas cor de tijolo, perto umas das outras, mas não paredes meias, labirintos de ruas estreitas e chão cor barro (quase a mesma cor que as casas) com algumas poças de água, e árvores e arbustos um pouco por todo o lado. E as crianças, muitas crianças, mesmo muitas crianças (e aqui, sim, o paludismo é um problema, e a fecundidade também).

A CAN 2006
Também calhou que estive lá durante a CAN 2006 que até não correu mal à RDC. E peço desculpa ao Angolanos, mas naquele dia eu estava pelo Congo (noutra qualquer circunstância não, mas ...). E até passou os Simba aos oitavos, enquanto que os Palancas Negras foram eliminados. Claro que em dia de jogo da RDC tudo parava horas antes do jogo, as saídas nocturnas eram programadas em função do horário (e resultado), enfim, como em qualquer país civilizado. O melhor mesmo foi ver como se festejam os golos, como o golo contra o Egipto que antes do intervalo trazia alguma esperança de volta. Não é cá com gritarias e saltos e punhos erguidos como se fossem sei-lá-o-quê que se festeja (também há alguns gritos e saltos, é verdade), é a dançar. E dançar não é metafórico, em casa, em frente à televisão, se a equipa marca um golo, larga-se a Simba e, literalmente dança-se.

Os maiores elogios que se pode ouvir de um Africano:
(menção honrosa, em casa) - Tu te débrouilles, maintenant tu fais parti de la famille!
(prémio especial, ouvindo música) - Tu bouges vraiment comme les gens d'ici.
(vencedor absoluto) - Tu pourrais t'adapter facilement ici, ton coeur bat en syntonie avec celui de l'Afrique. (sic)


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Há ir e voltar

O que não é de todo a mesma coisa. Por exemplo ir de Ndola para Kasumbalesa são 48000 Kwachas, voltar de Kasumbalesa para Ndola são 33000 Kwachas. Senão veja-se a factura detalhada.
Ida:
Autocarro de Ndola para Kitwe - 7500 k
Taxi (desnecessário) entre autocarros em Kitwe - 10000 k
Carregador de mochila em Kitwe - 2500 k
Autocarro de Kitwe para Chingola - 8000 k
Taxi de Chingola para Kasumbalesa - 20000 k
Total - 48000k

Volta:
Taxi de Kasumbalesa para Chingola - 17500 k
Autocarro de Chingola para Kitwe - 8000 k
Trajecto entre autocarros feito a pé (atravessando a rua) e carregando a mochila - 0 k
Autocarro de Kitwe para Ndola - 7500 k
Total - 33000 k


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De partida de Lubumbashi

À saída da cidade, no caminho de volta para Kasumbalesa, de uma lado da rua a Gecamines, o ex libris da cidade, de que muito bem se serve esse tal Forrest
Do outro lado o bairro da Gecamines, onde moram os trabalhadores.


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A Cerveja

Não só a cerveja não é feita com a levedura Saccharomyces cerevisiae, mas com a Schizossaccharomyces pombe*, como as garrafas não são de 33 cl mas sim de 73cl. Quer dizer, é verdade que isso é o caso da Simba. Já a Tembo, vem em garrafas de apenas 68cl. Sair à noite e beber 3 cervejas tem, por assim dizer, outro significado...


(*Nota: pombe em Swaili quer dizer precisamente cerveja, coisa que seguramente o biólogo que lhe deu o nome sabia)


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segunda-feira, fevereiro 27, 2006

O Campus

Já referi antes tangencialmente (ou nem tanto) ao Campus da Universidade de Lubumbashi. A foto à paragem de autocarro foi tirada no campus, esta também, e obviamente a história do massacre da Universidade de Lubumbashi também se passou lá, nos dormitórios mais precisamente.
Por razões pouco interessantes passei algumas vezes pela UniLu. As condições em geral não eram as melhores (mesmo considerando que isso é, naturalmente, relativo); Muitos alunos assistem às aulas de pé, chegam a bater-se por uma cadeira. Em alguns edifícios nem os vidros partidos são substituídos (não sei porquê a Faculdade de Direito está em muito pior estado do que a de engenharia, por exemplo).
Por acaso também passei pelo Hospital Universitário, e aí a situação é diferente, o estado de conservação e a apresentação eram muito melhores do que tudo o resto na Universidade, e suponho que a qualidade dos serviços fosse bastante razoável, pelo menos a julgar pela aparência. Suponho que isso se deva a uma escolha de prioridades.

Aliás a definição de prioridades revelou-se(-me) bastante interessante, porque os problemas, o contexto, a realidade socio-económica, enfim tudo é substancialmente diferente dos problemas do Ensino Superior que sempre ouvi debater. A UniLu tem mais de 20 mil alunos forma cerca de 3 mil novos licenciados por ano. Além das condições em que se encontram os espaços físicos, há também o tipo de ensino que é ministrado, é basicamente teórico, com pouca componente prática, não há ensino de determinadas ciências (como a biologia por exemplo) excepto na vertente de ensino. O ensino é financiado pelos prórpios alunos, à razão de cerca de 100 dólares por ano por aluno, 120 para os alunos que têm alojamento. Refira-se que Lubumbashi tem cerca de 1 milhão de habitantes. Numa cidade desta dimensão haver famílias que possam suportar 20 mil alunos parece-me em si mesmo uma boa notícia. Mas há para já a questão do mercado de emprego, que não tem capacidade para absorver 3 mil licenciados por ano (é a opinião unânime das pessoas com quem falei). Quer dizer não tem, do ponto de vista das expectativas que são criadas quando se estuda na a Universidade. Porque o mercado de trabalho até pode absorver os licenciados mas, pelo menos a curto prazo, não vão ter empregos à altura das expectativas criadas. Diminuir o número de alunos para melhorar a qualidade de ensino também não é uma opção real porque iria diminuir as receitas por tanto a qualidade do ensino ir-se-ia manter.
Pelo que percebi a razão para aceitar um número tão elevado de alunos é uma, mas pode analisar-se de dois pontos de vista: pelo lado do estudante mesmo que não tenha o emprego que ambiciona terá um emprego melhor do que se não tivesse estudado, por outro lado do ponto de vista da economia da cidade (ou da região, ou do país), nesta altura do campeonato é melhor ter muitos licenciados, vindos de uma Universidade em que as condições de ensino são precárias, do que não tê-los. Investir mais dinheiro, nomeadamente dinheiros públicos, para melhorar a qualidade do ensino não é verdadeiramente uma opção. Esta pareceu-me ser a opinião pelo menos de um professor universitário com quem falei, eu por acaso até concordo.


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sábado, fevereiro 25, 2006

Interrupção nas crónicas austrais: Vou ali ao Bistro

Caro leitor, se chegou até este blogue foi provavelmente porque seguiu o link que vem do bistro lá do dizuitiéme, assim um género de expresso muito particular que faz aléz-retours entre a Garedelest e a GaredeMontparnasse. Este blogue agradece muito especialmente a simpática referência de tão ilustre bistro blogosférico.
O bloguista residente fica sem palavras para retorquir às Palavras do "amigo do peito" (sic) André, o patrão do tal Bistro.
E por falar em Benfica, que tal irmos ver o derby, amanhã, ali ao Chateau?, depois da crepalhada, claro!


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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Coisas verdadeiramente Complicadas



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Coisas verdadeiramente Simples



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quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Notas soltas

Línguas:
O Y. e o J. (que são irmãos) poderiam falar entre eles, e as mais das vezes até falam, em francês ou em Swaili, poderiam falar, mas não falam em Bemba ou em Lingala, poderiam até falar, mas com dificuldade, em Nyanja. Vá-se lá saber porquê, mas não raras vezes, dá-lhes para falar em inglês.

Interlúdio publicitário:
A SAA é a melhor companhia aérea em que viajei nos últimos anos (que infelizmente foram muitas e más). Claro que num voo de 11h ficar no mesmo fuso horário também ajuda, o que quer dizer que o melhor é mesmo voar para sul.

A Comida:
Comi bastante feijão, que é muito apreciado por lá. Os Bemba até têm um ditado que diz que se pode deixar caiir um bébé ao chão mas não um feijão, o feijão que cai é desperdiçado, um bébé faz-se outro. Também comi muito, mas mesmo muito, disto, que é bastante bom e come-se com as mãos. É claro que eu também comi com as mãos, como toda a gente. Quer dizer, toda a gente menos o Sr. C. que come com garfo e faca, exactamente pela mesma razão que eu comi com as mãos. E esse meu hábito, ainda me valeu, de regresso à Zâmbia uma agradável e amena cavaqueira (que mal que isto me sooa nos dias de hoje) com o gerente a cozinha do Hotel, que ficou muito agradado de ver um "estrangeiro" (leia-se muzungo) a comer com as mãos. E eu que quando encomendei nem sabia muito bem ao que ia, é que na Zâmbia eles chamam-lhe Nshima e eu só conhecia o nome Bucaré (em Swaili)


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Um dos melhores remédios contra o Paludismo


Contiua ser a rede mosquiteira (aqui pode ler-se mais sobre o assunto, e sobre outras viagens ainda mais interessantes do que a minha).


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terça-feira, fevereiro 21, 2006

Coisas realmente Simples



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Coisas realmente Complicadas



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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Histórias de Guerra

Como seria de esperar a guerra está ainda bem presente no Congo, alguns diriam mesmo que o país ainda está em guerra. Durante a minha estadia foram assinados acordos entre a R.D.C. e os países vizinhos que permitem o regresso dos refugiados, o que é pelo menos um bom sinal. Apesar de ainda haver escaramuças na região da fronteira com o Ruanda, o ambiente é já de pós-guerra. E mesmo que a frente de guerra nunca tenha chegado ao Katanga, as histórias foram muitas. Na realidade remontam ainda ao tempo do Mobutu, à repressão quotidiana em que o regime se baseava. Qualquer pretexto servia para os militares exercerem violência, por exemplo não ter a factura do supermercado quando se passeava com um saco de compras na rua era suficiente para ser interpelado, e não estamos a falar de fazer umas perguntinhas civilizadamente. Outra história dessa altura, ainda mais violenta, é a do massacre na Universidade de Lubumbashi, que se deu de 11 para 12 de Maio de 1990. A Guarda presidencial cercou os dormitórios da Universidade, cortou a luz no campus e, com a ajuda de agentes infiltrados, foram de quarto em quarto à procura de alunos activistas da oposição. Para requinte estableceram um protocolo de acção para diferenciar apoiantes de opositores: era feita uma pergunta, e quem soubesse a contra-senha era poupado, os outros assassinados a golpes de arma branca. Os colaboradores do regime, e particularmente os membros da tribo de Mobutu, sabiam a contra-senha (com uma rápida pesquisa com o google e encontrei dois relatos desta história; aqui e aqui, e deve haver outros). Ainda assim há quem reconheça em Mobutu habilidade política, aliás fiquei com a sensação que esta opinião é unânime, e habilidade política porque conseguiu manter-se no poder e porque conseguiu unir o país.
Depois de Mobutu veio Laurent Kabila, e aí a verdadeira guerra. Embora de início tenha sido um passeio, Kabila avançou sobre Kinshasa sem que o exército de Mobutu se conseguisse sequer organizar para se defender. A imagem que dá quem viu é a dos soldados de Mobutu a fugirem em pânico cada um para seu lado. O mais que houve em Lubumbashi foi a tomada do aeroporto onde os paraquedistas ainda resistiram umas duas horas. Os soldados chegavam comprar roupas à civil a transeuntes, para não serem identificados.
De Kabila ficou-me a imagem de um líder idolatrado por ter salvo o país de Mobutu, um líder sem dúvida populista que tinha uma extrema facilidade de contacto com a população (hoje o seu retrato está em toda a parte, também para lembrar que o seu filho é candidato às eleições). Cometeu o pecado de querer um Congo isolado do resto do mundo, e pelos vistos o resto do mundo não lhe perdoou.
Depois de Kabila tomar o poder veio a guerra civil. A versão que me contaram por lá foi a de que o exército do Ruanda que inicialmente apoiava Kabila quis tirar dividendos, e de apoiantes passaram a opositores. Aliás passaram a apoiar os opositores de Kabila. O mesmo se passou com o Uganda e o Burundi, cada um apoiando um exército diferente, mas que nunca se agrediam. Dessa altura há os relatos de recrutamentos "voluntários" indescriminados, de formação para a guerra de poucas semanas em zonas remotas e sem contacto com o mundo extrior, do pagamento aos soldados à entrada do avião para a frente de batalha (só os que sobrevivessem poderiam usufruir do dinheiro, que nem tempo para enviar o dinheiro às famílias lhes era dado), de pilhagens e da fome, de chegar ao extremo de ter dinheiro para comprar comida e não a haver comida à venda. Não tem muito a ver com o que vi. Como me disse o J. "on est venu de loin", o país onde estive já não é o mesmo onde há cinco anos ainda havia uma guerra civil.
Agora há o governo de transição, chefiado pelo Joseph Kabila (o tal filho de Laurent Kabila) que parece não ter o carisma do pai mas conseguiu o equilíbrio entre todas as facções em guerra, e que estão agora representadas precisamente nesse governo de transição. Com Kabila filho o Congo não está isolado do resto do mundo, bem pelo contrário, e o resto do mundo agradece. O governo de transição dura só até às eleições, que ao que parece vão ser bastante democráticas, dia 30 de Abril. O recenseamento e referendo para a constituição já la vão e correram bem, a nova constituição entra em vigor este fim-de-semana.
A impressão que me ficou é que já ninguém quer ouvir falar de guerra, perceberam que quando não há guerra a economia melhora espectacularmente. Disseram-me até que se alguém quiser voltar a pegar nas armas, nem apoio popular para recrutar soldados teria. Por duas vezes as eleições foram adiada e das duas vezes se temeu que houvesse de novo violência, mas não houve. Agora não há sequer a hipótese de voltar a adiar as eleições. E parece que a vitória de Kabila é uma inevitabilidade.


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domingo, fevereiro 19, 2006

O Trabalho

Se considerarmos que trabalho é qualquer actividade que permite ganhar um sustento, então em África (pelo menos entre Ndola e Lubumbashi) trabalha-se, de facto, muito, mesmo muito. E quando falamos de trabalho, a precaridade do emprego, ou as 35 horas semanais não estão no topo das prioridades. Estado-previdência não existe (nem mesmo os funcionários públicos têm reforma, e duvido que sequer os militares tenham). Por lá para tentar arranjar sustento faz-se de tudo, mas como os recursos são limitados é preciso de facto trabalhar muito para se conseguir angariar um pouco. E investimentos a longo prazo também não são propriamente uma opção quando arranjar o que pôr na mesa para o jantar é uma urgência. Talvez por isso, pelo que me foi dado a ver, na haja muito investimento ou desenvolvimento na/da agricultura, pelo menos não à medida do potencial aparente da terra (é que lá há sol, há àgua e há solo, não percebo como é que a agricultura não é a maior riqueza da economia local), o tempo que vai entre plantar e colher dá para morrer de fome. E de facto é nas actividades que dão rendimento imediato que se trabalha mais. Seja a carregar carvão em bicicletes milagrosamente equilibradas, seja a trocar dinheiro na rua, seja a vender artesanato, ou comida, na beira do passeio, seja a angariar passageiros para autocarros e taxis, seja a vender gasolina à sombra de uma árvore, seja nos pequenos negócios como cabeleireiros ou mercearias. E quando digo trabalhar, é realmente trabalhar, com empenho, afinco, há uma atmosfera de energia permanente, uma tensão mesmo, toda a gente está a fazer pela vida. Por outro lado, em certas ocasiões, como com na oficina de bate-chapas, deu-me a sensação que havia mais empregados do que os "normalmente seriam necessários", talvez seja um mecanismo de repartir o mal pelas aldeias, que é como quem diz os poucos recursos por muita gente.
Das primeiras coisas que me saltaram à vista foi a quantidade de transacções que vi, nunca na minha vida tinha visto tantas vezes dinheiro mudar de mãos em tão pouco tempo. O facto de tudo se pagar em dinheiro vivo (o dinheiro de plástico ainda não está vulgarizado) também ajuda a esta imagem. E, como é óbvio, a relação que as pessoas têm com o dinheiro é diferente, porque o há pouco. Tudo tem um preço, o dinheiro circula e não há limites impostos por uma qualquer regra de pudor que impeçam as trocas. E, claro, porque as notas são muitas, porque tudo tem preço, é preciso saber contar dinheiro. E as boas contas fazem os bons amigos.


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sábado, fevereiro 18, 2006

Sinagoga de Lubumbashi



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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Bomba da Gasolina


A este tipo de gasolineiro por lá dá-se o nome de kadafi.


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Campo de Basket


Ao que consta este jogador chegou a treinar-se neste campo (apesar de ser originário de Kinshasa) antes de se tornar num dos maiores jogadores da NBA.


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Dinheiro

Isto são 50 euros em notas de 200 francos congoloses (e vooam depressa...).

E isto foi para pagar dois cafés, um bolo, uma sandes e um sumo.
Em geral, pelo que me apercebi, o preço das coisas é sensivelmente metade, ou um pouco menos do que se pagaria aqui (ou em Portugal). Não há moedas, só notas. Pelo que me disseram, a razão pela qual no Congo as notas são de valores pequenos (a maior nota é de 500 francos Congoleses, que não chega a um euro) é o receio de que a inflação aumente. Já na Zâmbia as notas vão até 50000 kwachas (13 euros), e de facto a inflação é muito superior à do Congo.
Nisto ainda me sobraram 290 kwachas em notas de 20 e 50, por sinal lindíssimas, o que não chega a 7 cêntimos de euro.


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quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Esse tal Forrest

Dá pelo nome de George Forrest, e até tem direito a um artigo na wikipedia, e por sinal bem elogioso (quem o terá escrito?). É o PDG do Group Forrest, fundado pelo pai precisamente no Katanga, é em Lubumbashi que tem os maiores negócios, e pelos vistos foi lá que fez fortuna. Lê-se ainda na wikipedia, numa curta frase mesmo no fim, que terá alimentdo a guerra na Rep. Dem. do Congo, pequeno pormenor sem a mínima importância. Andando por Lubumbashi, os camiões amarelos da Malta Forrest são ubíquos, omnipresentes. Bem carregados, a maior parte das vezes, circulam por todo o lado, seja o centro da cidade, sejam as zonas residenciais, a qualquer hora, sem qualquer restrição. Para além da fumarada, o efeito mais notório é no estado das estradas, que é péssimo, e sendo que uma imensa maioria dos pesado que circulam são da Malta Forrest, é fácil concluir quem é o maior responsável pelo estado das estradas em Lubumbashi. Calha mesmo bem porque é a própria Malta Forrest que está encarregue de reconstruir essas estradas, e vai ser paga para isso. Paga para estragar e paga para arranjar. Além do mais continua a ter o monopólio da exploração dos recursos minerais da região do Lubumbashi. Ao que consta, conseguiu ao longo dos anos eliminar a concorrência de quem aparecesse, inclusivamente (pasme-se!) de empresas públicas, e não porque gerisse os negócios melhor do que os outros, mas simplesmente porque teve o beneplácito de políticos corruptos. Enfim, este artigo resume na perfeição as opiniões que ouvi de quem vive lá e ouve falar de Forrest há anos. O título diz tudo. Não consegui confirmar, mas disseram-me que é consul honorário da Bélgica (ou da França?) em Lubumbashi. É só mais um exemplo de como o "ocidente" coopera e incentiva o desenvolvimento económico do "terceiro mundo".


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Cristiano Ronaldo - 3 Figo -1



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quarta-feira, fevereiro 15, 2006

A Chuva


Aquilo sim, era chuva! Sim, o tempo que lá estive foi durante a época das chuvas, e da época das chuvas em África já tinha ouvido falar. Ainda assim não ficou nada aquém das espectativas, quem já lá esteve e viu sabe o que é, quem não esteve que vá ver, vale a pena. Não há fotografias que documentem o bater da chuva, ficam aqui uma foto do céu antes da chuva e da rua depois. Não muito depois porque passado umas duas horas no máximo a água já escoou todo, e pergunto-me ainda para onde. Nunca tinha visto nada como aquela chuva, a única coisa vagamente semelhante à água que escorria do telhado era isto (ali do lado direito). Os telhados nem têm goteiras nem calhas para recolher a água, não vale a pena. Cai com tanta força que até é bonito de ver.


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Algo que faz falta em Portugal


Um polícia de trânsito à saida da escola.


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terça-feira, fevereiro 14, 2006

Acidentes no trânsito

Acidentes porque foram dois. Começando pelo fim, o segundo não tem muito interesse narrativo, tudo se passou na maior cordialidade. O outro, que foi o culpado assumiu imediatamente a responsablidade e a coisa resolveu-se logo. Já o primeiro acidente foi uma experiência bem mais interessante. E já agora, o curioso é que ao nível dos estragos os acidentes foram iguazinhos, o mesmo guarda-lamas amachucado (e pouco), o que calhou bem porque o segundo bate-chapas arranjou o que o primeiro não tinha feito muito bem.
O primeiro acidente passou-se então em frento ao principal mercado de Lubumbashi. O transito estava, digamos que pouco fluído, o que quer dizer carros a avançar muito lentamente em direcções algo indefinidas. As ruas são largas, os passeios são vagamente delimitados, a situação convida ao cada um para seu lado. Isto enquanto uma multidão de peões atravessa de todos os lados e para todos os lados em trajectórias ainda mais ambíguas que os próprios carros. Quem não mexe do sítio são os vendedores, que por acaso na maioria até são vendedoras, e que estão à beira do passeio, embora não saiba muito bem onde ele esteja. Nada que não se veja na feira da ladra ou do relógio. nisto há um camião que quer passar em sentido contrário ao nosso mas tem que curvar ligeiramente cortando na nossa direcção, nós não tinhamos mais para onde avançar. Nem os gritos nem os murros na caixa da camioneta fizeram o condutor desistir da sua lenta mas determinada marcha. Resultado abalroou devagarinho, mas deu bem para sentir, o nosso carro, não sem deixar o guarda-lamas esquerdo metido para dentro. O Y. algo exaltado saíu do carro, e o condutor do camião com a maior das displicências, como quem diz que são coisas que acontecem, a querer ir a vidinha dele. Não deixámos, ou melhor o Y. e o J. não deixaram, que eu nem percebi, a maior parte do tempo em que língua é que eles falavam. Entretanto aparece o chefe do condutor, e lá perceberam que a malta não ia deixar passar a coisa sem mais nada. Fomos para o escritório da empresa para tentar resolver a coisa, havia para lá um tipo que parecia ser o responsável do armazém mas que desapareceu rapidamente e deixou os subordinados resolver o problema. É preciso dizer que apesar do seguro automóvel ser obrigatório, não está generalizado. Então o que se pedia era um documento de identificação do condutor e da empresa, e garantias de que eles iam assumir o arranjo. Eles tentaram dificultar o mais possível até certa altura. A coisa resolveu-se mas só depois do pai do Y. e do J. aparecer, aí improvisou-se ali uma carta, devidamente assinada, em que o condutor e o responsável da empresa assumiam responsabilidade do acidente. Foi engraçado ver como a entrada do sr. C. resolveu rapidamente a questão. Há várias explicações, não mutuamente exclusiva, o estatuo social do sr. C. parece-me até o menos importante, a facilidade que ele tem na gestão de pessoas e de situações, o "savoir-faire" é por demais evidente e pareceu-me o factor mais importante, mas outro factor ainda, não negligenciável é a idade, o sr. C era mais velho do que qualquer um dos outros envolvidos, que eram de resto todos sensivelmente da mesma idade. Pelo que me foi dado a perceber o respeito pelos mais velhos é de facto uma coisa muito séria.


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O Verdadeiro, o Único, o Original KFC


Também conhecido por Nazem


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segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Os transportes públicos

E por falar nos autocarros da Zâmbia, os do Congo são um bocado diferentes. Na Zâmbia, para além de azuis ainda se assemelham ao que por cá (leia-se Europa, por exemplo) se chama autocarros, mas dos pequenos.

Já no Congo os autocarros são brancos, e não azuis, e são Toyotas Hiace, o que dificilmente se enquadra na definição "ocidental" de autocarro. Têm uma capacidade mínima de 18 passageiros e uma capacidade máxima de 18 passageiros. Para que um Hiace levem 18 passageiros é preciso fazer alterações; põe-se dois bancos atrés como os que eu consegui fotografar numa oficina (e que estava eu a fazer numa oficina? acho que vou responder a isso no post de amanhã), e mais dois de lado, e 4 pessoas em cada banco o que faz 16, e vão mais dois passageiros ao lado do condutor. Há ainda em cada autocarro um cobrador que vai sempre pendurado na porta. Para além de recolher o dinheiro o cobrador informa os transeuntes do destino do autocarro, não outra indicação, e está sempre à procura de algum potencial passageiro que lhe faça sinal, aí é ele que manda parar o autocarro para apanhar o passageiro. Paragens propriamente ditas só nos locais de início de terminus da carreira. Apesar de o parque automóvel ter aumentado 10 vezes nos últimos anos (se percebi bem desde que acabou a guerra, ou seja uns cinco anos) a maioria das pessoas ainda não tem carro, e mesmo para os que têm a gasolina é usada cuidadosamente doseada, porque o dinheiro não abunda. Estes autocarros são de longe, pelo que me foi dado a observar, o meio de transporte mais usado.


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A primeira foto


Tirada no quarto de Hotel, em Ndola, ainda com medo de sair à rua...


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domingo, fevereiro 12, 2006

Kasumbalesa

Embora nunca me tenha sentido em perigo, e ainda hoje acho que não corri perigo nenhum, a passagem da fronteira em Kasumbalesa foi a única situação, por assim dizer, de alguma tensão (talvez por isso não haja fotos para documentar). Saí do táxi vindo de Chingola e fui literalmente envolvido por uma multidão de tipos a oferecerem-me não sei bem o quê. Quer dizer, sei de pelo menos duas coisas, uma é carregar a mochila, não que eu precise que quem me carregue a mochila mas tudo bem, outra é ajudar-me a passar a fronteira, o que quer dizer dar gorjetas em pelo menos três balcões diferentes (para carimbar o passaporte, para a alfândega e para o certificado de vacinas internacional). Note-se que estes tipos são profissionais, o emprego deles é fazer pessoas atravessar a fronteira, e estou a falar de atravessar a fronteira de uma forma completamente legal. Há aqui também uma diferença entre a Zâmbia e o Congo, bastante marcada, a corrupção é muito maior no Congo. Atravessar a fronteira da Zâmbia não é díficil, seja a entrar ou a sair, é no Congo que os "problemas" aparecem. Basicamente os guardas fronteiriços põem todo o género de entraves que depois só se consegue ultrapassar com gorjetas, de preferência em dólares, e não se aceitam notas de $1. Os tipos que estão lá para ajudar têm um discurso perfeitamente coordenado com os guardas fronteiriços, que é preciso pagar uma taxa quando se entra pela primeira vez no país, que é preciso a morada do anfitrião, etc... Eu fui enganado de ínicio. Sabia que ia estar alguém para me receber, e quando saí do táxi houve um que me atirou que o meu amigo estava à minha espera do outro lado da fronteira, eu pensei que este tipo fosse do comité de recepção e deixei-o conduzir-me. Rapidamente deu para perceber que ele não conhecia o meu amigo Y., e que ele estava com vontade de me fazer pagar gorjetas a muita gente, nisto ainda havia um outro tipo que me carregava a mochila e mais uns quantos que nos acompanhavam. A maneira que eu arranjei de me safar foi dizer que não tinha dinheiro, que tinha que encontrar o meu amigo Y. e que ele me poderia emprestar. Eu até tinha dinheiro mas sabia que se encontrasse o Y. me safava. Tinha o nº de telemóvel dele. e eles lá lhe telefonaram (a propósito, toda a gente tem telemóvel), passaram-me o telefone e voz até parecia do meu amigo, mas aparece-me um tipo que eu não conheço a dizer que é o irmão do Y.. Eu não sabia que número é que eles tinham marcado, pensei que fosse mais um esquema. Mas não, era mesmo o J. irmão do Y. e desenrascou-me em três tempos. Entre o brandir apelos ao patriotismo e o exibir a carta de convite do paí, professor universitário e pessoa influente nos meios locais, a coisa andou rapidamente. Apesar de tudo isto ainda custou $5 (antes de o J. aparecer) e mais 2000 francos congoleses. Aos ajudantes é que não se deu nada porque quando se lhes deu uma gorjeta eles acharam pouco e recusaram à espera de receber mais.
A estória ainda teve uma pequena sequência no regresso, quando voltei a atravessar a fronteira de regresso à Zâmbia. O tipo que me tinha carregado a mochila reconheceu-me e veio perguntar-me se eu me lembrava dele, isto quando eu estava a entrar no táxi para ir para Chingola. O J. estava comigo e houve uma breve troca de palavras em swaili que me pareceu mais num espírito de descontração do que outra coisa, apesar de eu ter receio de represálias pela falta de pagamento do serviço prestado à primeira passagem. O tipo desapareceu, eu despedi-me do J. e entrei no táxi, mas enquanto esperava que partissemos ele ainda voltou à carga. Disse-me que se chamava Serge, que eu me lembrasse dele, e da próxima vez que eu voltasse que o procurasse para ele me ajudar, e despediu-se cordialmente.


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A Viagem

O primeiro contacto com a África profunda foi a ida de Ndola (que fica na Zambia) para Lubumbashi (que fica na Rep. Dem. do Congo). E isto porque não havia voos que ligassem Paris a Lubumbashi, apesar de Lubumbashi até ter aeroporto. Assim sendo a alternativa foi voar para Ndola, que fica a 200 Km de Lubumbashi e fazer o resto do caminho por terra.
Apanhei um autocarro de Ndola para Kitwe, em Kitwe apanhei um taxi para apanhar outro autocarro (curiosamente no regresso bastou-me atravessar a rua ?!) que me levou para Chingola, e de Chingola partilhei um taxi até à fronteira com o Congo em Kasumbalesa. Em Kasumbalesa tinha gente à minha espera, mas isso fica para outro post. Uma coisa engraçada é que os autocarros só andam cheios, pelo que não foi uma boa ideia opcupar a cadeira ao lado com uma mochila (o que nem assim desencadeou o mínimo de animosidade, os outros passageiros foram ocupando os lugares disponíveis até que eu percebesse por mim próprio que aquele banco fazia falta). Há mais uns quantos procedimentos curiosos nos autocarros zambianos, 1) o cobrador senta-se na porta e recolhe o dinheiro dos passageiros um por um quando se entra na autoestrada; 2) quando os bancos "normais" estão todos ocupados começam a tirar-se uns outros que estão dobrados e que ocupam o corredor, o que dificulta um pouco a saída dos passageiros do fundo; 3) como já disse os autocarros só andam cheios, logo uma consequência é que não há horários rígidos, o autocarro sai quando estiver completo; 4) além do condutor e do cobrados há ainda os "angariadores" que na zona das paragens se encarregam de encaminhar os passageiros para o autocarro certo; 5) os autocarros são todos azuis e os preços são tabelados (o que noutras ocasiões me teria dado muito jeito).
Pontualidade africana: no dia anterior tinha falado com o meu amigo Y. que me iria esperar a Kasumbalesa, ele perguntou-me a que horas eu contava sair de Ndola, ao que eu respondi 'cedo, logo a seguir ao pequeno-almoço', fazendo contas aos autocarros e taxis ele disse-me que eu devia chegar à fronteira ao meio-dia. Cheguei com dez minutos de atraso.


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sábado, fevereiro 11, 2006

África está bem e recomenda-se

Recomenda-se sobretudo que quem não quer ajudar ao menos não a enterre ainda mais, como por exemplo um tal Forrest que há de aqui ter um post só para ele.
Recomenda-se também muita prudência no ser-se prudente quando se vai a África, prudência a mais pode ser prejudicial. Ele é a malária, a febre amarela, o tifo, e outras doenças tropicais potencialmente mortíferas, geralmente transmitidos por mosquitos (e os mosquitos africanos são sempre mais agressivos...). Estive numa região supostamente de elevada prevalência de malária, ainda para mais multi-resistente, e não fui picado uma única vez (se bem que estou aqui com uma comichão nas costas...). Ele é o perigo de acidentes de viação. Se bem que esse perigo até exista, que por exemplo no Congo (R.D. do Congo, não sei se já tinha dito foi onde estiva a maior parte do tempo) eles conduzem pela direita mas para aí uns 90% dos carros têm o volante à inglesa, ou melhor à japonesa, pelos vistos porque é mais barato, e esse factor é muito importante (o preço). Mas também é verdade que o estado das estradas não permite andar muito depressa, pelo que o perigo é muito relativo. E para quem já conduziu em Portugal então é que o perigo é mesmo muito relativo. Ele é também o perigo da instabilidade política e o sempre presente risco da emergência expontânea de uma guerra (veja-se o que diz o MNE francês a respeito das visitas ao Congo). O que vi foi um país de optimistas, que não querem ouvir falar de guerra, que perceberam que há uma correlação inversa entre a intensidade da guerra e a situação económica, que exibem com um orgulho imenso o cartão de eleitor obtido para votar no referendo do mês passado. E a criminalidade, essa então é que não vi mesmo...
Recomenda-se portanto uma visita o mais rápido possível a quem tiver um mínimo de vontade de ver como é a vida lá.

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Avant Propos (ou Pontapé de saída)

Parece(-me) que o primeiro post deve ser sobre si mesmo, quer dizer sobre o post ser precisamente o primeiro, pois aqui vai. Este é o primeiro post deste blogue, o que quer que isso seja. Talvez venha a postar sobre muitas coisas, como Paris, Jazz (e outras músicas), Futebol, Ciência, talvez sobre Portugal, improvavelmente literatura, quem sabe política. Para já os primeiros posts hão de ser sobre a minha mais recente viagem: a África. Acabo de chegar, e foi esta viagem que finalmente me fez começar um blogue.


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