Acidentes no trânsito
Acidentes porque foram dois. Começando pelo fim, o segundo não tem muito interesse narrativo, tudo se passou na maior cordialidade. O outro, que foi o culpado assumiu imediatamente a responsablidade e a coisa resolveu-se logo. Já o primeiro acidente foi uma experiência bem mais interessante. E já agora, o curioso é que ao nível dos estragos os acidentes foram iguazinhos, o mesmo guarda-lamas amachucado (e pouco), o que calhou bem porque o segundo bate-chapas arranjou o que o primeiro não tinha feito muito bem.
O primeiro acidente passou-se então em frento ao principal mercado de Lubumbashi. O transito estava, digamos que pouco fluído, o que quer dizer carros a avançar muito lentamente em direcções algo indefinidas. As ruas são largas, os passeios são vagamente delimitados, a situação convida ao cada um para seu lado. Isto enquanto uma multidão de peões atravessa de todos os lados e para todos os lados em trajectórias ainda mais ambíguas que os próprios carros. Quem não mexe do sítio são os vendedores, que por acaso na maioria até são vendedoras, e que estão à beira do passeio, embora não saiba muito bem onde ele esteja. Nada que não se veja na feira da ladra ou do relógio. nisto há um camião que quer passar em sentido contrário ao nosso mas tem que curvar ligeiramente cortando na nossa direcção, nós não tinhamos mais para onde avançar. Nem os gritos nem os murros na caixa da camioneta fizeram o condutor desistir da sua lenta mas determinada marcha. Resultado abalroou devagarinho, mas deu bem para sentir, o nosso carro, não sem deixar o guarda-lamas esquerdo metido para dentro. O Y. algo exaltado saíu do carro, e o condutor do camião com a maior das displicências, como quem diz que são coisas que acontecem, a querer ir a vidinha dele. Não deixámos, ou melhor o Y. e o J. não deixaram, que eu nem percebi, a maior parte do tempo em que língua é que eles falavam. Entretanto aparece o chefe do condutor, e lá perceberam que a malta não ia deixar passar a coisa sem mais nada. Fomos para o escritório da empresa para tentar resolver a coisa, havia para lá um tipo que parecia ser o responsável do armazém mas que desapareceu rapidamente e deixou os subordinados resolver o problema. É preciso dizer que apesar do seguro automóvel ser obrigatório, não está generalizado. Então o que se pedia era um documento de identificação do condutor e da empresa, e garantias de que eles iam assumir o arranjo. Eles tentaram dificultar o mais possível até certa altura. A coisa resolveu-se mas só depois do pai do Y. e do J. aparecer, aí improvisou-se ali uma carta, devidamente assinada, em que o condutor e o responsável da empresa assumiam responsabilidade do acidente. Foi engraçado ver como a entrada do sr. C. resolveu rapidamente a questão. Há várias explicações, não mutuamente exclusiva, o estatuo social do sr. C. parece-me até o menos importante, a facilidade que ele tem na gestão de pessoas e de situações, o "savoir-faire" é por demais evidente e pareceu-me o factor mais importante, mas outro factor ainda, não negligenciável é a idade, o sr. C era mais velho do que qualquer um dos outros envolvidos, que eram de resto todos sensivelmente da mesma idade. Pelo que me foi dado a perceber o respeito pelos mais velhos é de facto uma coisa muito séria.
O primeiro acidente passou-se então em frento ao principal mercado de Lubumbashi. O transito estava, digamos que pouco fluído, o que quer dizer carros a avançar muito lentamente em direcções algo indefinidas. As ruas são largas, os passeios são vagamente delimitados, a situação convida ao cada um para seu lado. Isto enquanto uma multidão de peões atravessa de todos os lados e para todos os lados em trajectórias ainda mais ambíguas que os próprios carros. Quem não mexe do sítio são os vendedores, que por acaso na maioria até são vendedoras, e que estão à beira do passeio, embora não saiba muito bem onde ele esteja. Nada que não se veja na feira da ladra ou do relógio. nisto há um camião que quer passar em sentido contrário ao nosso mas tem que curvar ligeiramente cortando na nossa direcção, nós não tinhamos mais para onde avançar. Nem os gritos nem os murros na caixa da camioneta fizeram o condutor desistir da sua lenta mas determinada marcha. Resultado abalroou devagarinho, mas deu bem para sentir, o nosso carro, não sem deixar o guarda-lamas esquerdo metido para dentro. O Y. algo exaltado saíu do carro, e o condutor do camião com a maior das displicências, como quem diz que são coisas que acontecem, a querer ir a vidinha dele. Não deixámos, ou melhor o Y. e o J. não deixaram, que eu nem percebi, a maior parte do tempo em que língua é que eles falavam. Entretanto aparece o chefe do condutor, e lá perceberam que a malta não ia deixar passar a coisa sem mais nada. Fomos para o escritório da empresa para tentar resolver a coisa, havia para lá um tipo que parecia ser o responsável do armazém mas que desapareceu rapidamente e deixou os subordinados resolver o problema. É preciso dizer que apesar do seguro automóvel ser obrigatório, não está generalizado. Então o que se pedia era um documento de identificação do condutor e da empresa, e garantias de que eles iam assumir o arranjo. Eles tentaram dificultar o mais possível até certa altura. A coisa resolveu-se mas só depois do pai do Y. e do J. aparecer, aí improvisou-se ali uma carta, devidamente assinada, em que o condutor e o responsável da empresa assumiam responsabilidade do acidente. Foi engraçado ver como a entrada do sr. C. resolveu rapidamente a questão. Há várias explicações, não mutuamente exclusiva, o estatuo social do sr. C. parece-me até o menos importante, a facilidade que ele tem na gestão de pessoas e de situações, o "savoir-faire" é por demais evidente e pareceu-me o factor mais importante, mas outro factor ainda, não negligenciável é a idade, o sr. C era mais velho do que qualquer um dos outros envolvidos, que eram de resto todos sensivelmente da mesma idade. Pelo que me foi dado a perceber o respeito pelos mais velhos é de facto uma coisa muito séria.
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