O Campus
Já referi antes tangencialmente (ou nem tanto) ao Campus da Universidade de Lubumbashi. A foto à paragem de autocarro foi tirada no campus, esta também, e obviamente a história do massacre da Universidade de Lubumbashi também se passou lá, nos dormitórios mais precisamente.
Por razões pouco interessantes passei algumas vezes pela UniLu. As condições em geral não eram as melhores (mesmo considerando que isso é, naturalmente, relativo); Muitos alunos assistem às aulas de pé, chegam a bater-se por uma cadeira. Em alguns edifícios nem os vidros partidos são substituídos (não sei porquê a Faculdade de Direito está em muito pior estado do que a de engenharia, por exemplo).
Por acaso também passei pelo Hospital Universitário, e aí a situação é diferente, o estado de conservação e a apresentação eram muito melhores do que tudo o resto na Universidade, e suponho que a qualidade dos serviços fosse bastante razoável, pelo menos a julgar pela aparência. Suponho que isso se deva a uma escolha de prioridades.
Aliás a definição de prioridades revelou-se(-me) bastante interessante, porque os problemas, o contexto, a realidade socio-económica, enfim tudo é substancialmente diferente dos problemas do Ensino Superior que sempre ouvi debater. A UniLu tem mais de 20 mil alunos forma cerca de 3 mil novos licenciados por ano. Além das condições em que se encontram os espaços físicos, há também o tipo de ensino que é ministrado, é basicamente teórico, com pouca componente prática, não há ensino de determinadas ciências (como a biologia por exemplo) excepto na vertente de ensino. O ensino é financiado pelos prórpios alunos, à razão de cerca de 100 dólares por ano por aluno, 120 para os alunos que têm alojamento. Refira-se que Lubumbashi tem cerca de 1 milhão de habitantes. Numa cidade desta dimensão haver famílias que possam suportar 20 mil alunos parece-me em si mesmo uma boa notícia. Mas há para já a questão do mercado de emprego, que não tem capacidade para absorver 3 mil licenciados por ano (é a opinião unânime das pessoas com quem falei). Quer dizer não tem, do ponto de vista das expectativas que são criadas quando se estuda na a Universidade. Porque o mercado de trabalho até pode absorver os licenciados mas, pelo menos a curto prazo, não vão ter empregos à altura das expectativas criadas. Diminuir o número de alunos para melhorar a qualidade de ensino também não é uma opção real porque iria diminuir as receitas por tanto a qualidade do ensino ir-se-ia manter.
Pelo que percebi a razão para aceitar um número tão elevado de alunos é uma, mas pode analisar-se de dois pontos de vista: pelo lado do estudante mesmo que não tenha o emprego que ambiciona terá um emprego melhor do que se não tivesse estudado, por outro lado do ponto de vista da economia da cidade (ou da região, ou do país), nesta altura do campeonato é melhor ter muitos licenciados, vindos de uma Universidade em que as condições de ensino são precárias, do que não tê-los. Investir mais dinheiro, nomeadamente dinheiros públicos, para melhorar a qualidade do ensino não é verdadeiramente uma opção. Esta pareceu-me ser a opinião pelo menos de um professor universitário com quem falei, eu por acaso até concordo.
Por razões pouco interessantes passei algumas vezes pela UniLu. As condições em geral não eram as melhores (mesmo considerando que isso é, naturalmente, relativo); Muitos alunos assistem às aulas de pé, chegam a bater-se por uma cadeira. Em alguns edifícios nem os vidros partidos são substituídos (não sei porquê a Faculdade de Direito está em muito pior estado do que a de engenharia, por exemplo).
Por acaso também passei pelo Hospital Universitário, e aí a situação é diferente, o estado de conservação e a apresentação eram muito melhores do que tudo o resto na Universidade, e suponho que a qualidade dos serviços fosse bastante razoável, pelo menos a julgar pela aparência. Suponho que isso se deva a uma escolha de prioridades.
Aliás a definição de prioridades revelou-se(-me) bastante interessante, porque os problemas, o contexto, a realidade socio-económica, enfim tudo é substancialmente diferente dos problemas do Ensino Superior que sempre ouvi debater. A UniLu tem mais de 20 mil alunos forma cerca de 3 mil novos licenciados por ano. Além das condições em que se encontram os espaços físicos, há também o tipo de ensino que é ministrado, é basicamente teórico, com pouca componente prática, não há ensino de determinadas ciências (como a biologia por exemplo) excepto na vertente de ensino. O ensino é financiado pelos prórpios alunos, à razão de cerca de 100 dólares por ano por aluno, 120 para os alunos que têm alojamento. Refira-se que Lubumbashi tem cerca de 1 milhão de habitantes. Numa cidade desta dimensão haver famílias que possam suportar 20 mil alunos parece-me em si mesmo uma boa notícia. Mas há para já a questão do mercado de emprego, que não tem capacidade para absorver 3 mil licenciados por ano (é a opinião unânime das pessoas com quem falei). Quer dizer não tem, do ponto de vista das expectativas que são criadas quando se estuda na a Universidade. Porque o mercado de trabalho até pode absorver os licenciados mas, pelo menos a curto prazo, não vão ter empregos à altura das expectativas criadas. Diminuir o número de alunos para melhorar a qualidade de ensino também não é uma opção real porque iria diminuir as receitas por tanto a qualidade do ensino ir-se-ia manter.
Pelo que percebi a razão para aceitar um número tão elevado de alunos é uma, mas pode analisar-se de dois pontos de vista: pelo lado do estudante mesmo que não tenha o emprego que ambiciona terá um emprego melhor do que se não tivesse estudado, por outro lado do ponto de vista da economia da cidade (ou da região, ou do país), nesta altura do campeonato é melhor ter muitos licenciados, vindos de uma Universidade em que as condições de ensino são precárias, do que não tê-los. Investir mais dinheiro, nomeadamente dinheiros públicos, para melhorar a qualidade do ensino não é verdadeiramente uma opção. Esta pareceu-me ser a opinião pelo menos de um professor universitário com quem falei, eu por acaso até concordo.
Arquivado em:Viagem a África
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