O discurso de Descartes aos peixes
"Pray that there's intelligent life somewhere out in space,
'Cause there's bugger all down here on Earth!"
The Monty Python citado pelo Santiago ali numa caixa de comentários mais abaixo
Pego na frase que motivou a citação do Santiago "Bem vistas as coisas o uso da Razão é ainda uma aquisição recente da humanidade, esperemos apenas que esteja em expansão." num post que escrevi a propósito de um outro post no Blasfémias.
Na minha opinião a Razão só existe como sistema filosófico a partir de Descartes, mais precisamente com a publicação do "Discurso sobre o Método" (1637). É Descartes quem estabelece a dúvida metódica como princípio. É de facto um acontecimento recente, considerando a história das civilizações humanas. É certo que no Ocidente a Filosofia começa na Grécia Antiga, mas isso não quer dizer que a Razão estivesse já estabelecida. Conhecimento e Razão não são a mesma coisa, a Filosofia Grega procurava o Conhecimento. Com Descartes, e esse é o grande avanço, passamos a não aceitar nada que não esteja devidamente comprovado de uma forma lógica, a demonstração intuitiva deixa de ser válida.
Se eu disse antes que entre Ciência e Religião não há necessariamente um conflito, se se respeitar o tal princípio "Good fences make good neighbors", já o mesmo não digo em relação à Religião e à Razão. Se não se conseguir demonstrar de uma forma lógica, racional a existência de um qualquer Deus, então há que optar entre a Religião e a Razão, porque são incompatíveis. O próprio Descartes tentou resolver a questão tentando negar o tal "se" demonstrando a existência de Deus, no que não foi nada bem sucedido. Mas se a demonstração da existência de Deus por Descartes é algo absurda em termos lógicos, tem uma enorme importância histórica, pela primeira vez alguém teve a necessidade de demonstrar racionalmente a existência de Deus, e isso marca o nascimento da Razão.
Vendo a preponderância que a Religião tem em todas, ou quase todas as sociedades actuais, e vendo como as mais das vezes qualquer discussão se faz ao arrepio de qualquer lógica ou racionalidade, conclui-se que afinal quem andou a pregar aos peixinhos foi Descartes.
'Cause there's bugger all down here on Earth!"
The Monty Python citado pelo Santiago ali numa caixa de comentários mais abaixo
Pego na frase que motivou a citação do Santiago "Bem vistas as coisas o uso da Razão é ainda uma aquisição recente da humanidade, esperemos apenas que esteja em expansão." num post que escrevi a propósito de um outro post no Blasfémias.
Na minha opinião a Razão só existe como sistema filosófico a partir de Descartes, mais precisamente com a publicação do "Discurso sobre o Método" (1637). É Descartes quem estabelece a dúvida metódica como princípio. É de facto um acontecimento recente, considerando a história das civilizações humanas. É certo que no Ocidente a Filosofia começa na Grécia Antiga, mas isso não quer dizer que a Razão estivesse já estabelecida. Conhecimento e Razão não são a mesma coisa, a Filosofia Grega procurava o Conhecimento. Com Descartes, e esse é o grande avanço, passamos a não aceitar nada que não esteja devidamente comprovado de uma forma lógica, a demonstração intuitiva deixa de ser válida.
Se eu disse antes que entre Ciência e Religião não há necessariamente um conflito, se se respeitar o tal princípio "Good fences make good neighbors", já o mesmo não digo em relação à Religião e à Razão. Se não se conseguir demonstrar de uma forma lógica, racional a existência de um qualquer Deus, então há que optar entre a Religião e a Razão, porque são incompatíveis. O próprio Descartes tentou resolver a questão tentando negar o tal "se" demonstrando a existência de Deus, no que não foi nada bem sucedido. Mas se a demonstração da existência de Deus por Descartes é algo absurda em termos lógicos, tem uma enorme importância histórica, pela primeira vez alguém teve a necessidade de demonstrar racionalmente a existência de Deus, e isso marca o nascimento da Razão.
Vendo a preponderância que a Religião tem em todas, ou quase todas as sociedades actuais, e vendo como as mais das vezes qualquer discussão se faz ao arrepio de qualquer lógica ou racionalidade, conclui-se que afinal quem andou a pregar aos peixinhos foi Descartes.
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