segunda-feira, novembro 06, 2006

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A Gramática e Plutão

Eduardo Pitta insurge-se contra a TLEBS (terminologia linguística para o ensino básico e secundário), secundando Vasco Graça Moura, na sua coluna de opinião no DN. Para Pitta a TLEBS vai ser um maná de sketchs do Gato Fedorento. Graça Moura no seu estilo grandiloquente despeja-nos uma série de adjectivos de abstruso a sorumbático (são adjectivos não são?). Nem um nem outro nos dizem o porquê da sua indignação. Por que razão "pronome indefinido" é melhor do que “quantificador indefinido”, "universal” ou "relativo”?

Entretanto finalmente que alguém escreveu o post que faltava escrever sobre a tão badalada despromoção de Plutão a Planeta Anão, por Alexandre Correia no Conta Natura. A dita questão gerou muitas piadas e sobretudo parece ter causado uma considerável consternação. No entanto nunca antes alguém se preocupou em discutir as razões decisão da União Astronómica Internacional (UAI). Surpresa das surpresas, uma vez expostos argumentos da UAI faz todo o sentido deixar de considerar Plutão como um planeta. As propriedades de Platão mantêm-se, mas sabe-se hoje há outros corpos com tanto "direito" a serem planetas como Plutão, talvez dezenas. A terminologia é simplesmente mais coerente se Plutão não for considerado planeta, e logo descreve melhor o sistema solar.

O que é que os dois parágrafos têm a ver um com o outro? A meu ver têm um aspecto importante em comum: a recusa em mudar aquilo que se aprendeu no passado pela simples recusa da mudança (tal como sugere o o céu sobre Lisboa). Se nem Eduardo Pitta nem Vasco Graça Moura explicam as razões das suas críticas à TLEBS a sua atitude assemelha-se em tudo a quem se chocou com a decisão da UAI sem procurar os argumentos dessa decisão. Parecem aqueles que se consternam ao constatar que deixou de ser aceite a ordem dos planetas que aprenderam no liceu e papaguearam a vida toda, mesmo que esteja errada.

Ressalvo que não consegui ter acesso ao artigo de Maria Alzira Seixo na Visão a que ambos se reportam, talvez nesse artigo os argumentos estejam todos bem esplanados. Seja como for tanto Pitta como Graça Moura referem o nome e o artigo de Maria Alzira Seixo (Graça Moura enaltece-lhe mesmo "a serenidade olímpica e a autoridade incontestável") mas nem um nem outro referem os seus argumentos, o que seria bem mais útil. Não conheço de todo o conteúdo do TLEBS, logo não sei se é melhor ou não que a Gramática "tradicional", mas não é pelos textos de Pitta e Graça Moura que fico melhor informado.

Arquivado em:Política

3 Comments:

Anonymous Anónimo Escreveu...

Os que apresentam argumentos são pura e simplesmente censurados, porque não convém aos autores da TLEBS que os seus pares apareçam a dizer-lhes que "o rei vai nu" e, mais que nu, só tem umbigo.
Tenho prestado alguma atenção à polémica sobre a TLEBS e tenho notado que os linguistas que a criticam são, sistematicamente, silenciados.
Não. Assim a democracia não vale. Não vale a deslocação para o voto. E é pena!

10:58 da tarde, novembro 06, 2006  
Anonymous Anónimo Escreveu...

Excelente comentário aos artigos de Graça Moura e de Pitta.

Pior do que eles só mesmo a teoria da conspiração de mg!

11:16 da tarde, novembro 06, 2006  
Blogger Zèd Escreveu...

Caro mg, quem são os linguistas críticos da TLEBS, quais são os seus argumentos, quem os censura e como?
Como disse no post não conheço a TLEBS, não sou contra nem a favor, não tenho uma opinião informada, mas bem gostaria. Agora o diz que disse a mim não me diz nada. Há muitas maneiras dos críticos da TLEBS, a começar pelo Vasco Graça Moura e pelo Eduardo Pitta, de expressarem as suas opiniões, seja nos jornais, seja na blogosfera, seja por outros meios de comunicação. Não me parece que a democracia esteja em perigo, se não apresentam os seus argumentos é por escolha própria.

11:49 da tarde, novembro 06, 2006  

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