quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Banho-Maria

Visto que o pessoal aqui no Agreste Avena não se entende, e anda tudo à pancada, eu não tenho vida para isto e vou pregar para outra freguesia. Mudo-me de armas e bagagens para o Peão. Talvez volte aqui de vez em quando para uma pergunta sem importância ou uma citação, talvez não volte, talves volte mais tarde em pleno, talvez não. Por enquando fica o blogue em Banho-Maria. Como banda sonora fica a tocar o "Vou-me embora, vou partir", tema popular alentejano, cantado por Vitorino (com Zeca Afonso e Sérgio Godinho) do álbum "Semear salsa ao reguinho" (1976).

Vou-me embora, vou partir
(Popular Alentejano)

Vou-me embora, vou partir mas tenho esperança
de correr o mundo inteiro, quero ir
quero ver e conhecer rosa branca
e a vida do marinheiro sem dormir

E a vida do marinheiro branca flor
que anda lutando no mar com talento
adeus adeus minha mãe, meu amor
eu hei-de ir hei-de voltar com o tempo

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quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Guerra aberta na redacção do Agreste Avena

Estalou o verniz na redacção do Agreste Avena. Segundo uma fonte anónima que nos falou a coberto do anonimato, por ocasião da reunião destinada a fazer o balanço do primeiro ano de actividades o conflito latente no seio da redacção transformou-se num confronto aberto. As várias secções concordam que o Agreste Avena (AA) necessita de um rumo mais definido, mais preciso, necessita de tornar-se num blogue mais especializado, já não conseguiram foi chegar a um acordo sobre a linha editorial a seguir.
A secção de viagens, e viagens terá sido a primeira a avançar, defendeu que o AA se devia especializar em escrever sobre outras paisagens, outros lugares, e argumentou que foi essa a génese do AA. A secção de Política respondeu que a secção de viagens era a grande responsável pelo déficit do AA, aliás decidiu-se imediatamente pelo encerramento dessa secção por limitações orçamentais. A secção Paris terá aproveitado a deixa para contrapor que escrever sobre Paris não acarreta custos adicionais, e permitindo respeitar a identidade do AA, ao que a secção de Posts duvidosos retorquiu "quem é que quer saber de clichés sobre Paris?", recebendo a anuência da quase totalidade da redacção. Também a secção de Posts do Belém tentou avançar com a ideia de um blogue especializado em futebol, e em particular no Belém, argumentando que a bola iria atrair audiências. A secção de Duvidosos referiu que num blogue que tem mais secções que leitores regulares o argumento das audiências não é válido, ao que a secção de Política acrescentou que o AA é um blogue intelectual de esquerda, e que a secção de bola é só mesmo para dar um ar mais Povo, para afastar o espectro da esquerda caviar. Nesse momento a secção de Luta anti-CPE tentou a aproveita a circunstância para dizer qualquer coisa, mas já ninguém se lembrava muito bem do que era a luta anti-CPE. Foi então que secção Camões surgiu com a proposta do AA se especializar em poesia Camoniana, que isso sim seria um blogue original e iria pairar acima do nível da blogosfera. A redacção reagiu em coro, lembrando que aquela secção ainda não tinha contribuído com um único texto para o blogue, ao que a secção Camões ainda tentou reagir relembrando que contribui para posts de outros e, essencialmente para o título do AA. A secção de Ciência apontou ainda a falta de preparação académica para lidar com o assunto. Decidiu-se manter a secção Camões apenas para efeitos simbólicos sendo-lhe atribuída uma mesa ao canto da redacção, mas sem computador, a secção de Camões retorquiu ainda "Morro, mas morro com a Pátria". Foi então a vez da secção de Música tentar a sua sorte, mas de imediato a secção de duvidosos contra-atacou "Há mais blogosfera para além de Dizzy Gillespie, o espectro da secção de Música é demasiado reduzido". Nessa altura a secção de Ciência lança um ataque forte, numa longa e fundamentada intervenção advogou ser a única secção com uma preparação técnica suficientemente sólida para escrever sobre um tema em particular, finda a sua exposição a secção de Duvidosos exclamou "BOOOOOORRRIIIINNNNGGGGG", o que se revelou bastante eficaz. A secção de Política sentiu que a situação lhe era favorável e tentou avançar por seu turno, mas imediatamente teve a resistência de toda a redacção, o sentimento era de que há já demasiada política na blogosfera, e é necessário diversificar. A secção de Política não conseguindo impor-se, atingiu com um golpe palaciano a secção de Duvidosos que via como principal opositor, e conseguiu a cisão daquela secção com a criação de três novas secções: Citações, Pequenas perguntas sem importância e À grande e à Francesa. A secção de Política justificou-se ainda que ninguém levaria a sério um blogue dominado por Posts Duvidosos, o que levou a secção de duvidosos a ironizar "O que o Agreste Avena mais aspira é a ser levado a sério...".
À hora do fecho desta edição a reunião ainda decorria sem que houvesse indicações de que o conflito iria acalmar.

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terça-feira, fevereiro 13, 2007

Pequenas perguntas sem importância (V)

Porque é que o vinho que se bebe bem quando faz frio vem dos países quentes, e a cerveja que se bebe bem quando faz calor vem dos países frios?

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segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Ainda não é desta que peço o divórcio...

Eu e a minha nacionalidade temos uma relação difícil, estamos unidos oficialmente, no papel, mas está difícil. De há uns anos para cá é uma relação tumultuosa, com infidelidades várias (da minha parte). Um flirt que durou poucos meses, quando vim a esta minha casa actual pela primeira vez. Uma outra relação de quatro anos quando estive no exílio no Pacífico Noroeste - sabia que era temporário, que não ia durar para sempre, mas foi uma facadinha que me soube melhor do que eu esperaria. Agora há já um par de anos que estou onde estou, país desenvolvido, gente civilizada, gosto muito.
Este fim-de-semana lá fui a casa falar com a minha nacionalidade, pôr as coisas em pratos limpos. Perguntei-lhe se estava preparada para uma relação moderna, civilizada e ocidental, se não tivesse era o divórcio. Ela respondeu-me que SIM, aí com uns 43,61% de empenho mas com uns bons 59,25% de certeza. É bonito, é uma resposta clara, não tão tímida quanto eu temia. E disse-me ainda que as coisas estão diferentes para melhor, que já não há tantos acidentes nas estradas, e que há uns serviços públicos que funcionam bem, e umas reformas que estão a avançar. Jurou-me que está a tentar tornar-se num país moderno. Fiquei comovido. Chega para não pedir o divórcio (pelo menos para já...). Vamos continuar assim, oficialemente mantemos a nossa união, mas vivemos separados de facto. Estou nos braços de outra, e vou ficando, mas de vez em quando volta a casa só para manter as aparências.

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quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Lá vou eu de novo...

Vou de novo passar uns dias à Primavera. Parece que têm lá uma questão complicada para resolver e querem saber a minha opinião, a mim parece-me bem que SIM. Na realidade eu é que me ofereci como voluntário para dar a minha opinião, e sou de opinião que SIM. Eu e mais uns quantos, achamos todos que SIM. Mas também há os que acham que NÃO, mas aquilo é um bocado confuso, os que acham que NÃO passam a vida a tentar baralhar as ideias dos que ainda não sabem se SIM se NÃO. Mas para mim - pessoalmente - está em jogo bem mais do que uma simples pergunta de SIM ou NÃO, é sobretudo tentar perceber o que é que a Primavera quer si própria, para eu saber o que quero dela (ou ela de mim). Enfim, lá para domingo ao fim da noite saberemos no que é que isto dá. Amanhã, pela alvorada, meto-me no avião e vou.

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Citações (IV)

"Já se sabe: por uma linha razoável ou uma notícia correcta há léguas de insensatas cacofonias, de embrulhadas verbais e de incoerências"

Jorge Luís Borges, in Ficções (A Biblioteca de Babel)

P.S. - Aplica-se bem à campanha do NÃO por estes dias...
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domingo, fevereiro 04, 2007

O síndrome da mulher demasiado bonita

Conheço uma mulher, jovem, que é lindíssima, podia até ser top model. É inteligente, tem um bom currículo académico, e em geral a vida tem-lhe corrido, pode dizer-se, bastante bem! Dá-me a sensação que única infelicidade que lhe aconteceu é tudo nela ser assim tão sem mácula. É como que a sua prisão. Só a perfeição é aceitável, nada abaixo de perfeito pode ser tolerado. A sua existência é um permanente zelar pela sua imagem de perfeição. Tudo tem que ser perfeito. A roupa que veste tem que ser perfeita, veste-se bem, mas desportiva, casual, nunca roupa demasiado cara ou vistosa, seria uma demonstração de ostentação, exibicionismo, isso é imperfeito, ela tem que estar bem na sua pele, confortável e descontraída. Tem que dar a imagem que se veste bem, mas não liga muito a essas futilidades. O namorado também tem que ser perfeito, igualmente bonito, inteligente, bem sucedido e descontraído. Aquilo que diz também tem que ser perfeito, jamais arrisca fazer uma pergunta difícil pois poderia ser apanhada a fazer perguntas pouco pertinentes, e isso seria imperfeito. Quando diz algo incorrecto e lhe é chamada a atenção para isso, imediatamente nega, nota-se aliás uma enorme experiência no exercício desse contorcionismo que é explicar-nos que interpretámos mal o que disse e re-escrever o que realmente disse. Nunca arrisca contar uma piada, assim nunca conta piadas secas, e isso seria imperfeito. Contudo tem sempre um sorriso na cara, sempre jovial, fresca, solta, leve. Quando interpelada a tomar uma posição raramente se compromete, poderia acabar do lado errado, e isso seria imperfeito. Mas, claro, abre uma excepção quando se trata de uma posição consensual, aí adere ao consenso, pois encontrar-se só no grupo dos que não tomam posição quando a escolha é óbvia seria mal visto, logo imperfeito. A sua maneira de andar também tem que ser perfeita, tem que andar com elegância, mas sem ser espanpanante, um ligeiro gingar das ancas mas muito subtil, e sobretudo, oh céus!, evitar a vulgaridade. A sua maneira de olhar as pessoas quando fala com alguém tem que ser igualmente elegante e sóbria. Até a sua posição quando quando está sentada a trabalhar, se tiver que fazer uma escolha entre estar sentada confortavelmente e elegantemente, bem, nem sequer é um escolha, é uma obrigação. Faz pose em permanência, abomina a deselegância, e não se lhe conhece uma falha. De qualquer modo apontar-lhe uma falha seria deselegante, pior: insolente, e quem é insolente obviamente perde a razão, perde automaticamente a razão, está garantida assim a defesa contra que ouse apontar-lhe uma falha. O seu zelo pela imagem de perfeição é um notável esforço, titânico, sobre-humano. É impressionante a energia gasta nessa interminável tarefa. Visto do lado de quem é imperfeito é lamentável ver alguém nessa auto-infligida prisão (visto do lado de dentro estou certo que é bem diferente).
Mas conheço pior, há quem se lance nessa senda, sem sequer se aproximar vagamente da perfeição, aí o drama transforma-se em tragi-comédia.

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quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Com dedicatória a Sarkozy

Vai já para duas semanas que Sarkozy anunciou ao país que mudou, é um homem novo. Sarkozy já não é aquele político autoritário obcecado com a segurança e com os estrangeiros, afinal agora preocupa-se com a justiça social. Já não é um político economicamente ultra-liberal, afinal sofre com o drama dos trabalhadores (sic). Já não é um atlantista, até critica Bush. Já não é aquele político irascível que não suporta a crítica, adoptou um tom moderado, concilidador e dialogante. Sarkozy disse não menos de nove vezes as palavras "J'ai changé" (Eu mudei), no seu discurso de posse como candidato à presidência pela UMP. É um homem novo que nasce, que mudou devido às duras provas por que tem passado na sua vida política.
A mim, comovido (schuif, schuif) e sensibilizado pela nova dimensão humana do pequeno Nicolas, só me ocorre dedicar-lhe um poema, a letra de uma canção de Ney Matogrosso: Calúnias - Telma eu não sou Gay (que é uma tradução livre de Tell me once again)

Diz que vai dar, meu bem / Seu coração pra mim / Eu deixei aquela vida de lado / E não sou mais um transviado
Refrão: Telma, eu não sou gay / O que falam de mim são calúnias / Meu bem, eu parei . . .
Não me maltrate assim / Não posso mais sofrer / Vamos ser um casal moderno / Você de bobs e eu de terno
(refrão)
Eu sou introvertido / Até no futebol / Isso tudo não faz sentido / E não é meu esse baby-dool
(ref.)
( Telma, ô Telminha, não faz assim comigo, Não me puna por essas manchas do passado, Já passou, Esses rapazes são apenas meus amigos...)


P.S. - Publicado originalmente no Peão

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Pequenas perguntas sem importância (IV)

Que horas são no Pólo Norte?

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Estou mesmo orgulhoso...

Eu que pensava que só os blogues "importantes" é que tinham direito a lixo nas caixas dos comentários... Agora o também o Agreste Avena já faz parte desse clube tão selecto que são os blogues a quem o riapa se dedica a deixar comentários, e logo 2 (DOIS!, aqui e aqui) comentários racistas, insultuosos, irracionais, fascistoídes, enfim o melhor do melhor do que faz o riapa. Estou tocado no fundo do meu âmago, não caibo em mim de contentamento, aos meses que eu esperava por este momento. Esses rapazes que se dedicam a tempo inteiro à arte de deixar lixo nas caixas dos comentários dos blogues, horas de sono perdido nessa incansável labuta de formiguinha, que é ler blogues de que não gostam para depois poderem insultar, essa gente finalmente dedicou-me uns minutos da sua atenção. Do fundo do coração: Muito obrigado!

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