terça-feira, novembro 28, 2006

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Um filme que poderia ter-se tornado um Ícon

Vi há pouco tempo Fire, da realizadora indiana de naturalizada canadiana Deepa Metha. É um filme já com dez anos, o primeiro de uma trilogia da realizadora que, depois de anos a viver no Canadá, decide revisitar a sua Índia natal com um olhar bastante crítico. "Fire" passa-se na Delhi contemporânea, é a história de duas mulheres descontentes com os seus casamentos, e com a sua condição enquanto mulheres. Tornam-se próximas, íntimas, e acabam por se envolver num relacionamento amoroso. O filme pretende ser uma crítica ao papel da mulher na sociedade indiana. A própria realizadora assume que o seu filme tem algo de manifesto. Foi bastante controverso na Índia, e chegou a estar proibido devido a ataques de fundamentalistas Hindus a salas onde o filme foi exibido.
Confesso que quando vi o filme, talvez por não saber de todo ao que ia, fiquei surpreendido e gostei, sem no entanto ficar deslumbrado, essencialmente achei o filme simpático. Perguntei-me o porquê deste filme não se ter tornado emblemático, poderia ser um estandarte feminista, ou mesmo lésbico. Ao mesmo tempo sabia a resposta. Por um lado o filme, sem ser Bolywoodesco, tem uma estética demasiado "exótica" para que o espectador ocidental se identifique com ele. Por outro (imagino eu) para os indianos talvez o filme seja demasiado superficial. Através da wikipedia cheguei a este artigo da feminista indiana Madhu Kishwar que acusa o filme de maniqueísmo, e faz uma crítica demolidora, vindo do lado oposto dos fundamentalistas Hindus. De facto nem ocidental, nem indiano, "Fire" acaba por ficar na terra de ninguém, e para ser Universal falta-lhe qualquer coisa...

Arquivado em:Posts duvidosos