sexta-feira, agosto 25, 2006

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O "Caso Mateus" é o país real

Tudo começa com a chico-espertice, esse vício de quem se considera mais esperto que os outros. O Gil Vicente inscreve o jogador Mateus irregularmente, foram alertados pelo presidente do Lixa que a situação não era conforme aos regulamentos, mas acharam que ninguém ia dar por isso. Depois vem a fuga para frente, em vez de assumir o erro e corrigir, vão de asneira em asneira, apelam para os tribunais comuns contra todos os regulamentos nacionais e internacionais. Concordar ou não com esta regra é um debate à parte, os regulamentos existem e são iguais para todos. Depois é um arrastar de processo com manobras dilatórias e acusações de cabalas. Nisto tudo o Gil Vicente nunca, uma só vez que fosse veio a público tentar apresentar argumentos que demonstrassem que o recurso aos tribunais comuns é regulamentar ou que Mateus foi bem inscrito. Aliás se Mateus tivesse bem inscrito porque é que jogou só quatro jogos? Se o Gil Vicente estava convencido que a razão estava do seu lado, porque é que tirou o jogador da equipa logo que foi contestada essa irregularidade? A coisa continua, e não é só o Gil Vicente que está em causa. Também as instituições nos dão um bom exemplo que como Portugal funciona, e ficam dúvidas quanto à honestidade de pelo menos um juiz e um jurista. Estou a falar da reviravolta patética da primeira reunião do Conselho Disciplinar da Liga, em que um desiste da recusa de voto e o outro muda o sentido de voto e inventa ainda um voto de qualidade que não existe. Depois há o jogo do encosta em que toda a gente assobia para o lado e ninguém assume responsabilidades (mais um problema bem português). Mais golpes de teatro com demissões para tentar atrasar mais o processo. Note-se que ainda há quem tenha um comportamento correcto, como o presidente da Assembleia da Liga, o juiz Adriano Afonso. A situação continua a arrastar-se e a uma semana do campeonato as equipas ainda não sabem com o que contam. Fica bem patente a falta de profissionalismo com que se lida com os problemas, da parte de todos os que estão envolvidos no processo. Como a situação pode sempre piorar o Gil Vicente recorre de novo aos tribunais civis quando foi precisamente isso que esteve na origem de todo o imbróglio, e aqui o que mais choca é mesmo a falta de inteligência. Não se trata de uma mera fuga para a frente, nem sei se o objectivo é apenas chatear o mais gente possível. Simplesmente os dirigentes do Gil parecem não ter a mínima capacidade de antecipar as consequências dos seu actos, devem continuar a achar que vai tudo correr bem. E se a coisa não correr bem, e tiver consequências negativas para o próprio Gil e para todo o futebol português, paciência, logo se vê. Há ainda um juiz de um tribunal civil que ao que parece nem um acordão legível consegue redigir, e para mais não se inibe de ajudar ainda mais ao desastre com uma providência cautelar numa matéria que é do foro estritamente desportivo. Como se não bastasse vem agora mais o Leixões ajudar à confusão. Podem achar que têm direito a subir de divisão (eu acho que não têm, descem quatro clubes sobem dois, ponto final), mas interporem recurso hoje, no dia em que começa o campeonato?!... Ainda para mais há meia dúzia de dias diziam o contrário, que não iriam contribuir para aumentar a confusão. Na Liga parece que andam a apanhar bonés, não sabem para que lado é que se vão virar, anunciam decisões nas televisões antes mesmo de as comunicar aos interessados. Claro que esta situação não é útil a ninguém. Para já começa o campeonato coxo, já há pelo menos mais uma equipa prejudicada com a situação, o Benfica, e ainda está por saber se para a semana a situação está esclarecida. Não é bom de imaginar o que será se os jogos adiados se acumularem por mais umas jornadas. Nisto têm que ser as instâncias internacionais (da FIFA) a intervir para tentar pôr um pouco de ordem na barraca. Quando houver finalmente uma decisão já vai ser tarde demais, já todos foram prejudicados e ninguém vai ficar contente.

Ainda deve haver quem se espante por os estádios em Portugal estarem vazios e pelo futebol não gerar as receitas que gera em Espanha ou em Inglaterra quando os adeptos portugueses são tão ou mais fervorosos que os adeptos daqueles países. Mas a mim a questão que me parece interessante é: "Em que é que o futebol é diferente de tudo o resto em Portugal?" A resposta que me parece óbvia é: "Em nada!"

Arquivado em:Posts do Belém

2 Comments:

Blogger Alfacinha73 Escreveu...

Jovem, muito sofremos nós!
Mas a coisa vai!

Abraço

6:15 da tarde, agosto 29, 2006  
Blogger Zèd Escreveu...

Espero bem que vá, tem que ir. O país não pode continuar para sempre nesta vergonha.

12:31 da manhã, agosto 30, 2006  

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