sexta-feira, julho 21, 2006

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Não há inocentes

Francisco José Viegas no seu artigo opinião no Jornal de Notícias sobre a situação no Médio Oriente defende a causa do conflito está nas constantes agressões de que Israel é vítima desde a sua fundação, e que é porque os países árabes da região e os próprios palestinianos não querem que não há um estado Palestiniano livre e democrático. Depreende-se do seu raciocínio que, na sua opinião, tudo o que Israel faz é em legítima defesa. Na minha opinião essa tese é demasiado simplista (para não dizer maniqueista). A culpa de uns não iliba a culpa de outros.

Parece-me óbvio que ninguém de bom senso deseja que o Hezbollah se movimente livremente no sul do Líbano, mas não quer isso dizer que a resposta de Israel não seja desproporcionada. É evidentemente preocupante a influência do Irão de Hamadinejad e da Síria de Bahsad sobre o Hezbollah, e sobre o Hamas, como é evidente que a violência da resposta de Israel só vai servir os propósitos daqueles. Contrariamente ao que pensa Francisco José Viegas é possível criticar a "agressão" de Israel sem por isso ter vontade de glorificar os "heróis" do Hezbollah. É possível ser de opinião que não há nem "maus" nem "bons" neste conflito, não há inocentes.

É verdade que desde 1947, mesmo antes da declaração de independência que Israel tem estado sob ataque dos países árabes vizinhos, tal como é verdade que desde o início Israel tem tido uma superioridade militar sobre esses vizinhos. Essa superioridade pode ter sido uma surpresa em 1948, mas hoje é uma evidência que ninguém contesta. Hoje, felizmente, a integridade de Israel enquanto estado independente não está em causa, e as constantes respostas desproporcoinadas, da qual os ataques ao Líbano são apenas o mais recente exemplo, são simplesmente desnecessárias e injustificadas quando o objectivo é apenas a autodefesa.

Segundo Francisco José Viegas, o que eu não desminto, os estados árabes e os Palestinianos não querem um estado democrático. Eu permito-me voltar a pergunta ao contrário: Israel quer um estado Palestiniano democrático? Na minha leitura, todas as evidências apontam para uma resposta negativa. Israel, com a sua superioridade militar na região, e com o apoio do ocidente (EUA à cabeça) tem a faca e o queijo na mão. Pode conduzir o processo como quiser, como tem feito em Espanha, Zapatero com a ETA - o que Aznar nunca quis fazer. Os sucessivos governos de Israel têm imposto intransigentemente as suas condições, sem nunca fazer concessões. Os líderes palestinianos mais razoáveis estão presos em Israel. Quando os palestinianos dão sinais de querer fazer concessões, a repressão de Israel aumenta - há pouco tempo falava-se do referendar um documento, da autoria de um grupo de palestinianos presos, em que os Palestinianos aceitavam Israel, logo de seguida Gaza foi invadida. Esta política de Israel levou os fundamentalistas - ouso dizer puritanos - do Hamas ao poder.

Mas nesta questão o que me interessa não é discutir quem tem culpas nem de que lado se coloca cada um de nós, mas simplesmente perceber as causas e saber se é possível uma solução justa e permanente para o conflito.

Arquivado em:Política

2 Comments:

Blogger ilustre.anonimo Escreveu...

O problema é que para perceber as causas é necessário que a informação acerca de ambos os lados nos chegue sem censuras.

http://oardil.blogspot.com/

1:20 da manhã, julho 23, 2006  
Blogger Zèd Escreveu...

Caro Ilustre anónimo, não podia concordar mais.

3:38 da manhã, julho 23, 2006  

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