segunda-feira, junho 12, 2006

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Discutivelmente o melhor, mas seguramente não um Icon


Se Dizzy Gillespie foi o músico que mais influenciou o Jazz moderno, e o seu mehor trompetista, não é seguramente o mais famoso. Sempre que me ponho a falar (leia-se: divagar) sobre Dizzy Gillespie com alguém que tem do Jazz um conhecimento ainda mais superficial que eu há uma estória que se repete, é mais ou menos assim:"(eu)-...blà-blà-blà Dizzy Gillespie, blá-blá-blá... / (o/a outro/a)- Quem é o Dizzy Gillespie? / - É um trompetista muita bom da época do BeBop que tocava com o Charlie Parker / - ...hmm, não estou a ver.. / - Aquele com umas gandas bochechas / - Ah! Já sei.". Ou seja, Gillespie mais do que pelo seu talento, ou pela influência que teve na história do Jazz, é conhecido pelo tamanho das suas bochechas (que eram efectivamente enormes porque, supostamente, soprava "mal" no trompete). Ainda para mais o meu interlocutor geralmente conhece Charlie Parker e/ou Miles Davis. Isto exemplifica perfeitamente o porquê, na minha opinião, de Dizzy Gillespie não se ter tornado um verdadeiro Icon. A sua grande pecha foi não ser alcoólico, nem drogado, de não bater na mulher, não ter morrido novo nem nunca ter estado preso. Tivesse ele cumprido apenas um que fosse deste requesitos, e a hierarquia dos famosos na galeria do Jazz seria outra. Isto nem sequer se aplica apenas ao Jazz ou à música, os exemplos são interminàveis (sei lá, por exemplo, Jim Morrison, George Best, Mike Tyson, James Dean, Kenedy, etc...). Muito mais que os méritos, são as questões acessórias que fazem fazem os ídolos. É por isso que outros vendem muito mais discos do que Gillespie, mas nem por isso são melhores. Confesso que influência que essas questões acessórias têm no fabrico dos "hérois" é algo que tenho dificuldade em perceber, pelo menos numa base racional.

Mas não seja por isso, se for preciso encontrar umas estravagâncias para tornar Dizzy Gillespie no Icon que ele merece ser, faça-se uma pesquisa no google, há-de arranjar-se alguma coisa. Por exemplo, pode começar-se logo por esta página; bem cedo na sua carreira Dizzy desentendeu-se com Cab Calloway, o chefe da orquestra em que trabalhava, Calloway dizia que os solos de Dizzy eram música chinesa. Mais tarde novo desentendimento, com direito a cena de facada (de Dizzy em Calloway) em pleno palco, Dizzy foi despedido. Lá está, um escândalo que poderia ter levado Dizzy à prisão. Ou então se formos à wikipédia à procura de Dizzy Gillespie descobrimos que ele se converteu a essa religião exótica vinda da Pérsia, a "Fé Bahá'i", sendo até informalente designado como o seu "embaixador do Jazz". Isto nunca esquecendo o tamanho das suas bochechas, nem a razão pela qual eram enormes. Será que chega, ou é preciso mais?

Arquivado em:Música