quarta-feira, março 22, 2006

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Chorão no Gevaudão

O André A. foi outro dia ali ao bistro contar-nos como é o ambiente no Gevaudão, ele (André), que é o culpado de termos ido todos lá parar.
Ali no Gevaudan - perdão - no Gevaudão, é que há verdadeiro encontro de culturas. De caminho demonstra-se que não é preciso haver programas políticos nem cerimónias solenes para haver encontro de culturas, um verdadeiro encontro de culturas. Basta haver pessoas, e que a política, ou os políticos, ou ambos, não atrapalhem.
Ora o Gevaudan era "apenas" um bistro plutôt marroquino, dirigido pelo meste Sallah, ali para os lados do boulevard Arago, no quatorzième, claro. Era, e continua a ser, um bistro marroquino, aliás magrebino, que é mais internacional (o Couscous recomenda-se), mas já não apenas magrebino. É que entretanto apareceram para lá uns brasileiros do quartier a frequentar a casa. Daí a trazerem uns pandeiros, guitarras e cavaquinhos para tocar chorinhos e sambas foi um passo (conta quem sabe, que isso não é do meu tempo). Vai daí o Bando do Chorão começou a dar espéctaculos regulares. E isto depois do ano do Brasil em Paris, que foi, ao que parece um sucesso, pelo menos no que toca a pôr os holofotes da ribalta parisiense na cultura brasileira. Agora música brasileira é branché. Os indígenas, aqueles que têm afinidades para outras culturas, começaram a afluir em torrentes abundantes ao Gevaudão, o que até teve direito a uma nota no parisienssíssimo Zurban (que se recomenda igualmente, a quem quiser saber o que se passa por aqui). Depois vieram os problemas de que falou o André, mas o Chorão no Gevaudão continuou, e continua. A última vez que lá fui já um dos habitués magrebino, homem cinquentão, tocava congas com à vontade e desenvoltura. E a acompanhar o Coucous, uma caipirinha.


Arquivado em:Paris