Há mais Biologia Molecular para além da Dupla Hélice (parte 2)
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A grande inovação do modelo da dupla hélice, e que mais pistas veio dar para os avanços subsequentes na compreensão de como funciona a biologia ao nível molecular, foi a noção de complementaridade entre as duas cadeias do DNA. A descoberta de que frente a um G está sempre um C e frente a um A está sempre um T. Para chegar a esta conclusão Rosalind Franklin foi, mais uma vez, muito importante, foi quem percebeu que as cadeias de fosfato estavam no exterior da molécula, contrariamente ao que todos pensavam na altura. E foi esse posicionamento da cadeia de fosfato que permitiu, precisamente, pôr os Cs face aos Gs e os As face aos Ts. Essa complementaridade entre as bases abriu as portas ao conceito de transcripção, i.e. de como se passa de DNA para RNA mensageiro, tal como ao da replicação do próprio DNA. Curiosamente, neste ponto particular Watson e Crick enganaram-se num pequeno/grande detalhe, segundo o artigo original o emparelhamento da Guanina (G) com a Citosina (C) era feito por duas ligações de Hidrogénio, tal como a Adeninda (A) com a Timina (T). Sabemos hoje que a ligação G-C é feita com três ligações de Hidrogénio.
Mas os que mais me incomoda é que estou convencido que a dupla hélice se tornou "famosa", se tornou num ícone, e sobretudo fora da da Biologia, por razões que pouco têm a ver com as questões a que responde, ou com o seu mérito científico.
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