Está cientificamente demonstrado: Somos influenciáveis
Até que ponto a influência dos outros, e da sociedade em geral afecta as nossas escolhas e decisões? Foi publicado na revista Science, em Fevereiro, um artigo por Salganik et al com o curioso título "Experimental Study of Inequality and Unpredictability in an Artificial Cultural Market" (o resumo está disponível para toda a gente, e para assinantes há ainda o texto completo e um comentário). Este artigo, com um desenho experimental simples e elegante, procura perceber como é determinado o sucesso de um determinado produto, no caso música, e até que ponto é a qualidade do produto ou a influência social o que determina o sucesso. Os autores criaram uma página de internet, dirigida a jovens, onde tornaram disponíveis músicas que os participantes nunca tinham ouvido. Aos participantes era-lhes pedida uma opinião sobre cada música (nota de 1 a 5) e era-lhes dada a opção (mas não a obrigação) de fazer "download" das músicas. A um grupo de participantes foi dada a informação de quantos "downloads" tinham sido feitos para cada música (influência social), a outro essa informação foi ocultada (tomada de decisão independente). A conclusão foi que os participantes a quem foi dada a informação sobre a preferência dos outros foram influenciados por essa informação. A influência social é mais determinante do que a qualidade do produto apresentado, e torna o sucesso de cada produto mais dificilmente previsível.
O estudo teve mais de 14 mil participantes, o que o torna bastantes sólido em termos estatísticos. A escolha feita de utilizar um site de internet para este estudo experimental foi determinante para poder obter uma amostra tão larga (mais uma vantagem da internet). Os participantes do grupo de "influência social" foram divididos aleatoriamente em vários sub-grupos, sendo-lhes dada a informação sobre os downloads efectuados apenas no seu sub-grupo. O sucesso das músicas foi diferente nos diferentes sub-grupos, ou seja o sucesso é imprevisível. Um aspecto importante é que o desenho experimental permitiu separar as variáveis "qualidade intrínseca" do produto e a "influência social". O número de "downloads" e as notas dadas pelos participantes que não foram influenciados pelas escolhas dos outros (e sendo os diferentes grupos indestinguíveis estatísticamente) dão uma medida da "qualidade intrínseca" das músicas. E de facto há uma pequena correlação entre a qualidade e o sucesso, as músicas muito boas nunca são extremamente mal sucedidas, e o recíproco também é verdade, ou seja os casos extremos, no entanto todas as situações intermédias foram observadas. Convém ainda mencionar que vários aspectos do desenho experimental foram tidos em conta para evitar enviesamentos. Por exemplo a ordem pela qual as músicas apareciam no ecrã, ou a atribuição de um participante a um determinado grupo, eram ambas aleatórias.
Os autores discutem ainda no artigo que nas condições experimentais deste estudo os participantes estariam sujeitos a menos influências sociais do que estamos nós todos na "vida real". Ou seja, quando escolhemos um determinado produto, as opiniões dos outros provavelmente influenciam mais a nossa escolha do que a qualidade do próprio produto.
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O estudo teve mais de 14 mil participantes, o que o torna bastantes sólido em termos estatísticos. A escolha feita de utilizar um site de internet para este estudo experimental foi determinante para poder obter uma amostra tão larga (mais uma vantagem da internet). Os participantes do grupo de "influência social" foram divididos aleatoriamente em vários sub-grupos, sendo-lhes dada a informação sobre os downloads efectuados apenas no seu sub-grupo. O sucesso das músicas foi diferente nos diferentes sub-grupos, ou seja o sucesso é imprevisível. Um aspecto importante é que o desenho experimental permitiu separar as variáveis "qualidade intrínseca" do produto e a "influência social". O número de "downloads" e as notas dadas pelos participantes que não foram influenciados pelas escolhas dos outros (e sendo os diferentes grupos indestinguíveis estatísticamente) dão uma medida da "qualidade intrínseca" das músicas. E de facto há uma pequena correlação entre a qualidade e o sucesso, as músicas muito boas nunca são extremamente mal sucedidas, e o recíproco também é verdade, ou seja os casos extremos, no entanto todas as situações intermédias foram observadas. Convém ainda mencionar que vários aspectos do desenho experimental foram tidos em conta para evitar enviesamentos. Por exemplo a ordem pela qual as músicas apareciam no ecrã, ou a atribuição de um participante a um determinado grupo, eram ambas aleatórias.
Os autores discutem ainda no artigo que nas condições experimentais deste estudo os participantes estariam sujeitos a menos influências sociais do que estamos nós todos na "vida real". Ou seja, quando escolhemos um determinado produto, as opiniões dos outros provavelmente influenciam mais a nossa escolha do que a qualidade do próprio produto.
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